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quarta-feira, 22 de outubro de 2014
De 30 de outubro a 02 de novembro a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui traveiz estará realizando uma residência artística na cidade de Santa Cruz através do projeto “Teatro e Memória – 50 anos do Golpe Militar”. Durante 4 dias o grupo compartilha com a cidade uma programação cultural que prevê: workshop, palestra, desmontagem, performance, filme e apresentação do premiado espetáculo de teatro de rua “O Amargo Santo da Purificação”.
O projeto “Teatro e Memória
– 50 anos do Golpe Militar”, foi contemplado pelo edital “Desenvolvimento da
Economia da Cultura Pró-cultura RS - FAC" da Secretaria de Estado da
Cultura, e ao todo irá percorrer 8 cidades de diferentes regiões do Rio Grande
do Sul.
Toda a programação tem
entrada franca. A residência artística do grupo na cidade conta com o apoio do
Espaço Camarim, da Escola de Samba Acadêmicos do União e do Ponto de Cultura
Águia Agito.
Confira o cronograma
completo das atividades:
30 e 31/10 - 14h ás
17h – Workshop
“Vivência
com o Ói Nóis Aqui Traviez”
Companhia
de Teatro Espaço Camarim (Rua Marechal Floriano, 332 – Centro)
*Inscrições pelo telefone (51) 9145 5555 e 3713 1080
30/10 - 20h –
Palestra
“A Censura no Teatro Brasileiro Durante a Ditadura Militar”
Companhia de Teatro Espaço Camarim (Rua Marechal Floriano, 332 – Centro)
“A Censura no Teatro Brasileiro Durante a Ditadura Militar”
Companhia de Teatro Espaço Camarim (Rua Marechal Floriano, 332 – Centro)
31/10 – 20h -
Desmontagem
“Evocando os Mortos - Poéticas da Experiência”
por Tânia Farias
Companhia de Teatro Espaço Camarim (Rua Marechal Floriano, 332 – Centro)
“Evocando os Mortos - Poéticas da Experiência”
por Tânia Farias
Companhia de Teatro Espaço Camarim (Rua Marechal Floriano, 332 – Centro)
01/11 – 12h - Performance
“Onde?
Ação nº2”
Praça
Getúlio Vargas – Centro
01/11 – 20h - Filme
“Viúvas - Performance Sobre a Ausência”
Companhia de Teatro Espaço Camarim (Rua Marechal Floriano, 332 – Centro)
“Viúvas - Performance Sobre a Ausência”
Companhia de Teatro Espaço Camarim (Rua Marechal Floriano, 332 – Centro)
02/11 – 17h -
Espetáculo de Teatro de Rua
“O Amargo Santo da Purificação”
Rua Amazonas, ao lado do campo de futebol – Território da Paz – Bairro Bom Jesus
Rua Amazonas, ao lado do campo de futebol – Território da Paz – Bairro Bom Jesus
Teatro e Memória – 50
anos do Golpe Militar
O
Golpe civil militar de 1964 que massacrou o povo brasileiro está completando 50
anos. Foram 21 anos de ditadura e terrorismo de Estado com cassações, prisões,
banimentos, torturas, assassinatos e “desaparecimentos”. O regime ditatorial
ampliou a concentração da terra, incentivou a monopolização da economia,
concentrou a renda, atrelou o país ao grande capital internacional e produziu
uma forte estrutura jurídico-autoritária que está aí até hoje. A ditadura foi
fruto de um sistema de exploração e de opressão que, enquanto não for
definitivamente superado, causará a infelicidade da nação. A Tribo de Atuadores
Ói Nóis Aqui Traveiz traz através do Teatro a reflexão sobre o que foram
aqueles anos de ditadura no Brasil. Por meio da realização de apresentações de
teatro de rua, performances, palestras, oficinas e demonstrações técnicas, o Ói
Nóis Aqui Traveiz promove o debate político e estético, visando à formação de
uma consciência crítica e sócio-política, uma exigência para a ideia de
“exercício da cidadania”.
WORKSHOP – VIVÊNCIA
COM A TRIBO DE ATUADORES ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ
O
workshop Vivência com a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz consiste em um
encontro coordenado pelos atuadores do grupo, que investiga o movimento e a voz
para a ampliação do corpo do ator e a ocupação do espaço teatral. A ênfase é
colocada na corporalidade do ator (como forma de perceber o próprio corpo) e na
contracenação ( para perceber o outro). A vivência vai intensificar a dinâmica
teatral do corpo, através de exercícios de desinibição, sensibilização,
musicalidade, expressividade e coordenação rítmica, aliados a jogos de
inter-relacionamento dramático.
PALESTRA – A CENSURA
NO TEATRO BRASILEIRO DURANTE A DITADURA MILITAR
A
palestra aborda um dos piores momentos da história do teatro brasileiro, devido
à repressão e à censura exercidas pelo regime autoritário. No período da
ditadura, a partir de 1964, o teatro sofreu grandes perseguições. Em especial
dois grupos, o Oficina, em torno de seu diretor José Celso Martinez Corrêa, e o
Arena, em torno de Augusto Boal, que se dedicaram a criar uma dramaturgia
brasileira e uma nova formação do ator. Extremamente engajados, e invocando o
teórico e dramaturgo alemão Bertolt Brecht como nome tutelar, marcariam a
história do teatro no país. Essa situação só piorou após a promulgação do Ato
Institucional Nº 5 (AI-5) em 1968, que deflagrou o terror de Estado e
exterminou aquilo que fora o mais importante ensaio de socialização da cultura
jamais havido no país.
DESMONTAGEM: EVOCANDO
OS MORTOS – POÉTICAS DA EXPERIÊNCIA
A
desmontagem Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência refaz o caminho do
ator na criação de personagens emblemáticos da dramaturgia contemporânea.
Constitui um olhar sobre as discussões de Gênero, abordando a violência contra
a mulher em suas variantes, questões que passaram a ocupar centralmente o
trabalho de criação do grupo. Desvelando os processos de criação de diferentes
personagens, criadas entre 1999 e 2011, a atuadora Tânia Farias deixa ver
quanto as suas vivências pessoais e do coletivo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui
Traveiz atravessam os mecanismos de criação. Através da ativação da memória
corporal, a atriz faz surgir e desaparecer as personagens, realizando uma
espécie de ritual de evocação de seus mortos para compreensão dos desafios de
fazer teatro nos dias de hoje.
PERFORMANCE – ONDE?
AÇÃO Nº 2
A
performance Onde? Ação nº2 de forma poética provoca reflexões sobre o nosso
passado recente e as feridas ainda abertas pela ditadura militar. A ação
performática se soma ao movimento de milhares de brasileiros que exigem que o
Governo Federal proceda a investigação sobre o paradeiro das vítimas
desaparecidas durante o regime militar, identifique e entregue os restos
mortais aos seus familiares e aplique efetivamente as punições aos
responsáveis. A proposta deste trabalho é trazer a reflexão sobre o que foram
aqueles anos da Ditadura Militar no Brasil, a partir do teatro como um ato de
resistência. A performance visa atualizar o debate sobre as implicações e
consequências deste episódio para a história nacional.
FILME – VIÚVAS
PERFORMANCE SOBRE A AUSÊNCIA
O
filme “Viúvas Performance Sobre a Ausência” mostra a encenação homônima
realizada na Ilha do Presídio - situada entre as cidades de Porto Alegre e
Guaíba - nas ruínas do presídio onde foram encarcerados presos políticos no
período da ditadura civil militar no Brasil. Partindo do texto Viúvas de Ariel
Dorfman e Tony Kushner, a Tribo dá continuidade à sua investigação da cena
ritual, dentro da vertente do Teatro de Vivência. Viúvas mostra mulheres que
lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram ou foram
mortos pela ditadura civil militar que se instalou em seu país. É uma alegoria
sobre o que aconteceu nas últimas décadas na América Latina, e a necessidade de
manter viva a memória deste tempo de horror, para que não volte mais a
acontecer.
TEATRO DE RUA – O
AMARGO SANTO DA PURIFICAÇÃO
O
Amargo Santo da Purificação é uma visão alegórica e barroca da vida, paixão e
morte do revolucionário Carlos Marighella. Marighella viveu e morreu durante
períodos críticos da história contemporânea do Brasil, sendo protagonista na
luta contra as ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar. A dramaturgia
elaborada pelo Ói Nóis Aqui Traveiz parte dos poemas escritos por Carlos
Marighella que transformados em canções são o fio condutor da narrativa.
Utilizando a plasticidade das máscaras, de elementos da cultura afro-brasileira
e figurinos com fortes signos, a encenação cria uma fusão do rituacom o teatro
dança. Através de uma estética ‘glauberiana’, o Ói Nóis Aqui Traveiz traz para
as ruas da cidade uma abordagem épica das aspirações de liberdade e justiça do
povo brasileiro.
Tribo de Atuadores Ói
Nóis Aqui Traveiz
36 Anos de Utopia,
Paixão e Resistência
A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz surgiu em
1978 com uma proposta de renovação radical da linguagem cênica. Durante esses
anos criou uma estética pessoal, fundada na pesquisa dramatúrgica, musical,
plástica, no estudo da história e da cultura, na experimentação dos recursos
teatrais a partir do trabalho autoral do ator. Não se limitando à sala de
espetáculos, desenvolveu uma linguagem própria de teatro de rua, além de
trabalhos artístico-pedagógicos junto à comunidade local. Abriu um novo espaço
para a pesquisa cênica - a Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz,
que funciona como Escola de Teatro Popular, oferecendo diversas oficinas
abertas e gratuitas para a população.
A
organização da Tribo é baseada no trabalho coletivo, tanto na produção das
atividades teatrais, como na manutenção do espaço. O Ói Nóis Aqui Traveiz segue
uma evolução contínua e constitui um processo aberto para novos participantes.
Para a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz o teatro é instrumento de
desvelamento e análise da realidade; a sua função é social: contribuir para o
conhecimento dos homens e ao aprimoramento da sua condição.
Num
mundo marcado pela exclusão, marginalização, pela homogeneização, pelo
pensamento único, enfim, pela desumanização e pela barbárie, cada vez mais é
vital e necessário denunciar a injustiça, as vendas de opinião, o
autoritarismo, a mediocridade e a falta de memória. Esta é a defesa que o Ói
Nóis faz o teatro como resistência e manutenção de valores fundamentais que
diferenciam uns de outros: a solidariedade, a honestidade pessoal e a
liberdade.
Fazendo
um teatro a serviço da arte e da política, que não se enquadra nos padrões da
ética e da estética de mercado. O teatro como um modo de vida e veículo de
idéias: um teatro que não comenta a vida, mas participa dela!
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