quinta-feira, 22 de maio de 2014


“Na vida, a gente tem que arriscar.” Essa foi a dica que Tariq Saleh, correspondente da BBC no Oriente Médio, deixou na terceira noite da 19ª SEACOM. A palestra foi mediada pelo chefe do Departamento de Comunicação Social da Unisc, Demétrio Soster. O evento iniciou com a exibição de vídeos produzidos em comemoração aos 20 anos do Curso de Comunicação Social da Unisc. Na ocasião, a turma de Produção em Mídia Impressa, acompanhada por Demétrio, professor da disciplina, lançou oficialmente o Unicom, Jornal Laboratório do Curso que nesta edição tem como tema “separações”.

Durante a noite, Tariq contou para o público sobre a sua experiência como correspondente internacional. “Como é a vida de correspondente? É boa. É fácil? Não, não é. Tem as suas dificuldades. Toda a região do Oriente Médio é complicada, mas tem que saber lidar com isso. O correspondente deve saber ser diplomático. É um processo de adaptação e o repórter estrangeiro tem que saber lidar com os costumes.” O palestrante comparou a rotina de repórteres no Brasil e no Líbano. “A vida de um correspondente em Beirute é a mesma que de um repórter em qualquer cidade brasileira. É só saber adaptar.”

A escolha pelo Líbano foi feita estrategicamente. “Primeiro, escolhi um país que tivesse demanda por notícias. Segundo, tenho origem árabe e tinha grande possibilidade de aprender o árabe, o que fez uma grande diferença. Escolhi Beirute por uma questão prática.” Da sua estada de oito anos no Oriente, Tariq contou ao público sobre os imprevistos que encontra no trabalho, como a falta de internet em algumas coberturas para enviar o material que produz. “Vida de correspondente é improvisação também”, constata, ao lembrar de quando ditou uma matéria por telefone para conseguir enviar o conteúdo para a redação da BBC em Londres.

O jornalista também relatou como é o treinamento para realizar coberturas de guerras e confrontos. “Recebemos treinamento a cada três anos. Nenhum jornalista da BBC vai a campo sem treinamento. Dura cerca de cinco dias, com parte teórica e prática.” Durante este período, são realizadas, entre outras, simulações com campos minados e armamentos. O psicológico também é abordado. “Eles ensinam como o jornalista deve se portar em relação aos militares e em sequestros. Treinamos a mente, pensamos na nossa segurança e na da equipe.”

Sobre as rodas de conversa no estrangeiro, Tariq aconselha: “quando a questão é política, não se meta. Tudo é politizado lá. Religião, política, família e sexualidade são temas difíceis”. Em seus oito anos morando fora, o jornalista superou as adversidades e decidiu arriscar. “Se eu tivesse voltado, não sei o que faria. Medo eu tive, mas superei.Eu arrisquei.” Segundo ele, o correspondente internacional está acostumado com a abordagem do exército estrangeiro. “Vou escrever a saga do Harry Potter se for contar toda vez que eu for detido”, brincou. “Depois de 8 anos, você sabe separar o que é um terror de verdade e o que não é.”

Ana Cláudia Müller, acadêmica do 8º semestre de Jornalismo, acredita que a palestra foi uma inspiração para os alunos do Curso. “Ele é espirituoso, conta as histórias com um toque de humor, o que prendeu a atenção da galera. A grande lição que ele deixa nessa noite é a persistência. Você não precisa de um veículo para correr atrás do que quer.” O coordenador do Curso de Comunicação Social, Hélio Etges, pondera que Tariq mostrou outro ponto de vista sobre o Oriente Médio. “Ele desmistificou as histórias contadas pelos colegas que trabalham no Oriente Médio e mostrou como o jornalista pode construir a sua história contando histórias de qualquer lugar. Tariq também mostrou a extensão da nossa profissão e o quão importante ela é na construção das histórias das sociedades.” 

Formado em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Tariq Saleh é correspondente da BBC World Service e BBC Brasil no Oriente Médio desde 2006. Natural de Beirute, no Líbano, foi criado na cidade de Sapiranga, RS, região metropolitana de Porto Alegre. Atualmente também é colaborador e produtor para o portalTerra, Veja online, rádio CBN, TV Globo e TV Record, além de consultor para a agência de notícias portuguesa PNN.

Texto: Laura Gomes - Agência Experimental de Comunicação A4 




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